Sinta-se em casa no cafézinho com a mamãe autista
Durante toda a minha vida me senti assim, um tanto quanto deslocada, um tanto quanto esquisita. Só no ano passado eu descobri que era mesmo meio diferente (e não era tudo coisa da minha cabeça), quando recebi meu diagnóstico: sou autista.
Desde então tenho lido tudo o que encontro sobre o assunto, e o que eu percebi é que a maioria das pessoas não tem uma ideia muito boa do que seja o autismo, porque a maior parte do que é dito sobre nós, foi dito por quem não é autista.
Eu garanto que a visão daqui de dentro é bem diferente da de fora.
Saber que sou autista e me conectar com outras pessoas autistas talvez tenha salvado a minha vida, e eu fico imaginando como as coisas poderiam ter sido diferentes se na adolescência eu soubesse o que sei hoje (e, bom, acho que todo mundo se sente assim às vezes, não?).
Eu não posso voltar no tempo, mas posso usar minha voz para alcançar aquelas pessoas que, como eu, funcionam assim um tanto diferente e se encontram à deriva em alto mar, tentando encontrar refúgio em meio à tempestade.
Essa newsletter deve ser enviada todas as sextas-feiras à noite, trazendo um pouco do que eu e outros autistas temos dito.
É um pequeno passo, mas espero poder contribuir para mostrar uma visão do autismo não como um déficit, mas como uma neurodiversidade, com suas dificuldades, sim, mas também com suas potencialidades.
Como esse é o episódio 0, vou só deixar dois textos do meu blog, um, que traz considerações sobre como podemos pensar o autismo não como um déficit de comunicação, mas como uma diferença. É um texto muito importante para mim que se baseia no artigo de um pesquisador autista, dr. Damian Milton.
O segundo é uma tradução de um artigo muito especial para mim, escrito pelo também pesquisador autista dr. Devon Price, chamado “Lazyness does not exist”(Preguiça não existe). Sou uma grande fã dele, então esperem ver mais referências ao seu trabalho por aqui.
Por fim, quero deixar duas recomendações de perfis no Instagram de pessoas que também são ativistas autistas: @seeufalarnãosaidireito, do queridíssimo Tio .faso, que foi uma das pessoas que me ajudou no meu processo diagnóstico e uma das minhas inspirações para me tornar ativista.
A outra pessoa é a Carol Souza do @carolsouza_autistando, que é usuária de comunicação aumentativa e é super ativa, sempre compartilhando perspectivas interessantes.
(Eu acho meio engraçado estar recomendando perfis super populares nas redes, imagino que quem me segue já siga esses perfis, mas a ideia é deixar registrado aqui esses dois perfis que eu curto, e toda semana espero trazer mais alguns perfis para recomendar.)
Por hoje é só, espero que você se junte a mim para o cafézinho da semana que vem. :)
Até a próxima!